Chamo-me Maria e desde que me lembro, sempre fiz bonecas de pano. Em criança confeccionava e vestia as bonecas que criava. Já naquela idade adorava as texturas e as cores dos tecidos, que ia arranjando numa pequena fábrica de confecção por onde passava à vinda da escola. Aprendi cedo a coser à mão, a tricotar e a fazer as peças de malha que vestia, com as revistas Burda da época e com alguns ensinamentos da minha mãe.
Sou muito inquieta por natureza e o prazer de criar coisa com as minhas mãos nasceu muito cedo. Agrada-me o processo criativo todo, desde a concepção das peças, à escolha de materiais, cores, texturas, a execução e finalização. A minha preferência vai para formas simples e conceptuais. Sou obsessiva e perfeccionista nos acabamentos.
Todas as minhas peças são numeradas e únicas, apesar de nascerem de um molde comum. Os acabamentos personalizam-nas. Todos os moldes que uso são desenhados e experimentados por mim.
Quis o destino que o meu percurso académico não passasse pelo Design de Moda, mas pelas Artes Plásticas. Apesar disso o gosto pelos tecidos prevaleceu e a vontade de fazer algo com eles, fez surgir este projecto em 2005 em parceria com o meu marido. Este é fruto da vontade de construir peças de autor com um cunho actual aliado a saberes de manufactura mais antigos.
Por favor não copiem o meu trabalho. Ele é o resultado de longas horas de trabalho e de muitas experiências com a forma e a volumetria, somadas à permanente descoberta das possibilidades da máquina de costura e do bordado manual.
As bonecas
Gosto muito de fazer bonecas, adoro trabalhar os volumes e ir experimentando, até conseguir a forma perfeita. Elas nasceram num dia em que me apeteceu coser uma à mão, em 2003. Daí até comprar a minha primeira máquina de costura, foi um instante. Nunca mais parei desde então. Desenho a forma base, os moldes e vou experimentando a volumetria até sentir que ela resulta.
Todas as minhas bonecas são adequadas para crianças e podem ser manipuladas sem o perigo de engolir pequenas peças, excepto as que possuem botões, colchetes, etc. Estas são indicadas para crianças para crianças com mais de três anos de idade.
Os materiais têxteis que uso, são normalmente fibras naturais, para além de serem muito mais bonitas à vista e agradáveis ao toque são mais resistentes ao desgaste natural de um brinquedo.
O material de enchimento ( micro-fibra ) é antialérgico e as peças podem ser lavadas à mão em água tépida.
Elas dividem-se em várias personagens, sendo a boneca Violeta e as Character Dolls as mais representativas do meu trabalho.
As carteiras
A primeira carteira que fiz desenhei-a com esta forma que se manteve inalterada até agora. Chamei-lhe Baggy Bag pelo sua forma generosa que tanto me agrada por ser tão versátil. Por ser tão grande, senti a necessidade de criar duas séries mais pequenas as quais apelidei de Funny Bag e Wee Bag, nascidas da vontade de desenvolver peças diferentes da original.
Como as bonecas, os materiais têxteis utilizados são predominantemente as fibras naturais acolchoadas sobre um recheio de manta acrílica com tela de algodão, para dar volume e corpo à forma.
A temática ilustrativa das peças vai surgindo durante o processo criativo, que dita o caminho a seguir, aliado às especificidades dos materiais têxteis que utilizo ( habitualmente fibras 100% algodão e pura lã virgem ) e às condicionantes da costura à máquina.
São laváveis à mão em água tépida as peças em algodão e recomendo a limpeza a seco nas que têm aplicações em pura lã virgem.
As colagens
Depois de coleccionar uma série de papéis de que gostava ao longo dos anos, resolvi dar-lhes um fim. As colagens são um meio de expressão que me permitiu transpor o patchwork têxtil para o universo do papel. O processo da combinação dos padrões e texturas é idêntico. O imaginário cresce à medida das cores , padrões e texturas, depois de um esquisso inicial onde esboço as ideias e a forma.
Os papéis que utilizo são muito diversificados e os utilizados no desenho artístico, tais como canson, fabriano, craft, de aguarela, reciclado e também todo o tipo de papel antigo que me pareça interessante para aplicar na composição.
Cada colagem é numerada, assinada e entregue sem moldura, excepto quando esta está incluida no trabalho.
Chamo-me António e quis além do Curso Complementar Artes do Fogo da Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, uma licenciatura em Escultura pela Escola de Belas Artes do Porto. Partes de um percurso, no qual a Joalharia aqui e ali esteve presente mais com aprendizagem do que como ofício.
" Tal como existe, este par tem servido para que o ser humano possa realizar os seus objectivos, ajudando-o na sua criação, precisando-os, dando-lhes forma e figura. O Homem fez a mão, ou seja, foi-a libertando a pouco e pouco do mundo animal, de uma servidão antiga e natural, mas também foi a mão que, em certa medida fez o homem."
" É ela quem ensina o homem a tomar posse do espaço, do peso, da densidade e do número. Criando um universo inédito, deixa por todo o lado as suas marcas. Entra em relação com a matéria, que metamorfoseia, com a forma, que transfigura. Educadora do Homem, a mão multiplica-o no espaço e no tempo. "
Henri Focillon in "A Forma das Coisas"
A joalharia
Esta forma de expressão que se aproxima da escultura permite-me trabalhar e modelar volumes em pequena escala com materiais nobres: fio de prata, pedras semi-preciosas e bambu, entre outros.
Tenho também uma grande paixão pela fotografia, que me foi sempre acompanhando ao longo deste percurso à volta das coisas da escultura e que se vai aperfeiçoando com a aprendizagem, pela prática diária desta forma de registo.
Por favor não copiem o meu trabalho. Ele é o resultado de longas horas de trabalho e de muitas experiências com a forma e a volumetria e a plasticidade dos materiais.
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